
Paloma Diniz, Alessandro Reinaldo, Alex de Souza, Elydio dos Santos Neto e Daslei Bandeira, em atividade do Grupo de Pesquisa em Humor, Quadrinhos e Games do Mestrado em Comunicação da UFPB, em 2011
Quando a emoção é grande as palavras são poucas para dizer o que é preciso, ainda que seja apenas o essencial. Não é fácil conquistar uma grande amizade, as verdadeiras relações são cada vez mais raras, ainda mais quando movidas por companheirismo, admiração recíproca, afeto irrestrito e projetos comuns, que embalariam toda a vida. Elydio dos Santos Neto significou e significa tudo isso para mim, com quem tive a sorte de conviver nos últimos anos.
A produção de fanzines e a criação da editora Marca de Fantasia já valeriam a pena pelas amizades estabelecidas na troca de cartas e mensagens, que fazem do meio um grande manancial de intercâmbio e produção. Algumas amizades se estreitam ainda mais e eventualmente se concretizam em momentos de convivência real. Com Elydio fez-se assim, de uma comunicação epistolar chegamos ao mesmo ambiente acadêmico, em que traçamos projetos promissores.
Com o Grupo de Pesquisa em Humor, Quadrinhos e Games, do Mestrado em Comunicação da UFPB, na companhia de entusiastas como Paloma Diniz, Alberto Pessoa, Alessandro Reinaldo, Marcelo Soares e Alex de Souza, Elydio nos deu seu rigor científico nas análises brilhantes dos quadrinhos, nos ofereceu sua verve criativa por meio de projetos que se iam concretizando aos pouco.
Ao lado de sua companheira Marta Regina, Elydio desenvolveu várias pesquisas em quadrinhos e educação, que se transformaram em livros. Em seu Pós-Doutorado, realizado em 2010 no Instituto de Artes da UNESP, São Paulo, com o título “As Histórias em Quadrinhos Poético-Filosóficas no Brasil: origem e estudo dos principais autores numa perspectiva das interfaces Educação, Arte e Comunicação”, Elydio estudou o que considerava um dos mais instigantes gêneros de quadrinhos no país, com expressão local própria.
Esse trabalho gerou uma nova série de livros pela Marca de Fantasia, com abordagem das obras de Edgar Franco e Gazy Andraus. Outros livros viriam, assim como o projeto de Mestrado em História em Quadrinhos na UFPB, em andamento, do qual foi um dos criadores. Vencido pelo imponderável, Elydio partiu no dia 3 de outubro de 2013, levando consigo tantas ideias motivadoras, deixando um vazio profundo e incontornável, que somente a lembrança de nossos doces momentos pode servir de alento.
Henrique Magalhães
Publicado no jornal A União, João Pessoa, 29 de outubro de 2013, 2o Caderno, p.7.