Belo Horizonte foi o cenário de mais um Festival Internacional de Quadrinhos, FIQ, já em sua oitava versão. Em 2013, ocorreu entre os dias 13 e 17 de novembro, na Serraria Souza Pinto, com entrada franca. O FIQ nasceu para dar sequência à Bienal de Quadrinhos do Rio de Janeiro, que não conseguiu manter-se mais que duas edições, no início da década de 1990. Contudo, o FIQ ganhou brilho próprio e se tornou o maior evento do gênero no país.
Segundo o programa do Festival, o objetivo foi apresentar uma amostra da produção contemporânea dos quadrinhos em Minas Gerais, no Brasil e no mundo, recebendo artistas, exposições, debates, oficinas, feira de quadrinhos, lançamentos, sessões de autógrafos, dentre outras atividades relacionadas à nona arte. A realização foi da Fundação Municipal de Cultura.
Pouco comum no país, onde os quadrinhos são ainda tidos como mero divertimento juvenil, esse gênero de festival encontra grande efervescência na Europa e nos Estados Unidos, contando com a participação do mercado editorial. Aqui, fica evidente o distanciamento das grandes editoras no patrocínio e na participação efetiva nesses eventos, como se não se importassem em conquistar um público ávido pelas novidades editoriais.
Na ausência dos produtores de peso, como Globo, L&PM, Companhia das Letras, Panini, que não se preocupam em expor seus produtos para a atração do público, quem brilhou mesmo foram os pequenos editores e os produtores independentes. O afluxo de fanzines, álbuns e revistas produzidas pelos próprios autores ou por associações têm dado um brilho especial ao FIQ, que se transforma numa grande feira de todos os tipos de experimentações gráfico-editoriais.
O festival este ano teve, entre outros, a presença espetacular do italiano Ivo Milazzo, desenhista do célebre personagem Ken Parker, que veio lançar no país seu álbum Tiki, sobre a cultura indígena da Amazônia. A maioria dos autores nacionais esteve presente, contribuindo com sua arte para a riqueza do festival, que teve como grande homenageado o cartunista Laerte. Da Paraíba, registramos a presença de Shiko, com a aguardada versão de Piteco, de Maurício de Sousa, além de Samuel de Gois, Ricardo Jaime, Jack Herbert, Thaïs Gualberto e outros mais.
Henrique Magalhães
Publicado no jornal A União, João Pessoa, 26 de novembro de 2013, 2o Caderno, p.7.